Bianca Cuono Pereira
Ingrid Letícia Torres Fabrício, Maria Jacqueline Nogueira de Souza, Valentina de Castilhos, Alana Gabriela Avelino Fernandes
UnP
A epidemia do Zika vírus (ZIKV) no Brasil (2015-2016) foi marcada pela associação com microcefalia e outras anomalias neurológicas congênitas, consolidando a Síndrome Congênita do Zika Vírus (SCZV) como um desafio para a saúde pública. O Rio Grande do Norte destacou-se como uma das regiões mais afetadas, com elevada carga de morbidade pediátrica. Este estudo atualiza o panorama epidemiológico da SCZV no RN e discute os desafios na assistência às crianças acometidas.
Atualizar dados epidemiológicos da SCZV no RN (2015-2023), descrever o perfil clínico das crianças afetadas e analisar as barreiras no acesso a serviços de reabilitação.
Trata-se de um estudo descritivo, retrospectivo e quantitativo com dados secundários fornecidos do SINAN, DATASUS e boletins epidemiológicos (Ministério da Saúde/Secretaria Estadual de Saúde-RN), com análise de casos confirmados, características clínicas, demanda terapêutica e distribuição geográfica entre os anos de 2015 à 2023.
O pico epidêmico ocorreu entre novembro/2015 e março/2016, com >300 casos confirmados, concentrados em Natal, Mossoró e Seridó. Manifestações predominantes: microcefalia (100%), epilepsia (45%), espasticidade (38%) e alterações sensoriais (30%). Atraso neuropsicomotor foi observado em 80% dos casos, com demanda contínua por terapias. Principais desafios: apenas 15% dos serviços de reabilitação localizam-se no interior e 62% das famílias relatam dificuldades financeiras para tratamento.
Os resultados demonstram que a SCZV permanece como um agravo de alta complexidade no RN, com impactos duradouros na saúde infantil. A concentração de serviços (85% na capital) e barreiras socioeconômicas (62% das famílias) exigem: 1) Expansão da rede de reabilitação (meta: 60% de cobertura no interior em 5 anos); 2) Capacitação de profissionais; 3) Apoio financeiro às famílias; 4) Sistemas integrados de monitoramento. Estas medidas, aliadas ao fortalecimento da vigilância epidemiológica, são essenciais para garantir o direito à saúde dessas crianças e preparar o sistema para futuras emergências. Recomenda-se a criação de um comitê estadual multissetorial para coordenar essas ações e monitorar seus impactos.
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