Mayos A. M. Nunes
Marina B. A. Targino Camila B de A. Medeiros Guilherme de S. Rezende Lucas M. Rocha José Deyvisson D. Oliveira Aline S. de S. Escóssio Ney Magno B. Escóssio
UFERSA
A bronquiolite viral aguda (BVA) é a principal causa de infecção respiratória em crianças com menos de 2 anos, com maior incidência nos menores de 6 meses. Caracteriza-se por inflamação e obstrução dos bronquíolos por acúmulo de muco, edema da mucosa e necrose epitelial, levando a quadros respiratórios leves a graves. O vírus sincicial respiratório (VSR) é o agente etiológico predominante, responsável por até 75% dos casos, comumente associado às formas mais graves da doença, especialmente em crianças com fatores de risco como prematuridade e imunodeficiência. No Brasil, a BVA é uma das principais causas de hospitalização pediátrica em menores de dois anos.
Lactente, 1 mês e 12 dias, com antecedentes perinatais de prematuridade e baixo peso, internado para ganho ponderal, iniciou sintomas respiratórios com febre, coriza e tosse, evoluindo para desconforto respiratório grave, febre alta, inapetência e oligúria. Foi atendido em unidade de pronto atendimento e, com piora, foi intubado e transferido para UTI pediátrica com sinais de hipoperfusão, acidose respiratória grave, pneumotórax e necessidade de drenagem torácica. Teve parada cardiorrespiratória revertida, permanecendo em ventilação mecânica e uso de drogas vasoativas. O teste rápido para VSR foi positivo. Nos primeiros dias, apresentou oscilações clínicas, consolidações pulmonares, transfusão sanguínea, ajuste de antibióticos e suporte hemodinâmico. A partir do 6º dia, iniciou recuperação, com melhora do padrão ventilatório, redução dos marcadores inflamatórios e extubação não planejada bem tolerada, mantendo-se estável em VNI.
A gravidade da bronquiolite por VSR está relacionada a fatores predisponentes como a prematuridade, que leva à imaturidade imunológica e menor resposta antiviral. O VSR pode evadir a resposta imune inata, inibindo os interferons e favorecendo a replicação viral. Em neonatos, há predomínio de resposta Th2 e produção excessiva de muco, o que contribui para obstrução brônquica e insuficiência respiratória. O caso ilustra como a BVA pode ter curso grave em prematuros, exigindo suporte intensivo. Reforça a importância do diagnóstico clínico precoce. O tratamento é essencialmente de suporte, com foco em oxigenoterapia, ventilação mecânica e hidratação. Em grupos de risco, destaca-se a imunoprofilaxia com palivizumabe.
Embora comum, a bronquiolite por VSR tem evolução rápida e severa em lactentes vulneráveis, com necessidade de cuidado intensivo. O caso demonstra a importância da vigilância e intervenção precoce em pacientes com fatores de risco, além do papel fundamental de estratégias preventivas para reduzir a morbimortalidade associada à doença.
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