Natália Araújo Brito
Camila Braga de A. Medeiros, André Lucas de J. Santos, Gislayne da S. Oliveira, Nathan P. de Oliveira, Rafaella D. Souto, Thayná Yasmin de S. Andrade, Ariadne G. Farias, Marina Targino B. Alves, Bárbara Candice F. de Vasconcelos
Universidade Federal Rural do Semi-Árido
As intoxicações exógenas não intencionais são frequentes na faixa etária entre 1 e 4 anos de idade, momento em que a curiosidade e a busca ativa por materiais e substâncias coexistem com a falta de discernimento para avaliar os riscos relacionados à exposição. A rápida suspeição clínica de crianças potencialmente intoxicadas deve orientar para a estabilização das funções cardiorrespiratórias e para a correção dos distúrbios graves que podem representar risco à vida.
Lactente do sexo masculino, 1 ano e 9 meses, com abertura súbita de quadro de hipoatividade, diarreia e vômitos, evoluindo no mesmo dia com espasmos e fasciculações em braço direito e em perna esquerda, insuficiência respiratória aguda grave, hiperglicemia e distúrbios hidroeletrolíticos. Foi admitido em UTI Pediátrica (UTIP), onde evoluiu com sangramento em tubo orotraqueal e evidência de hemorragia alveolar bilateral em tomografia computadorizada (TC) de tórax. Realizou TC de crânio, com resultado sem anormalidades. O exame físico da pele não demonstrou lesões e/ou presença de mordeduras. A priori, a genitora negou exposição a substâncias; no entanto, no decorrer da internação, relatou que o lactente foi encontrado manipulando um inseticida para moscas no dia de abertura do quadro. O paciente evoluiu com melhora clínica e laboratorial após medidas de estabilização e recebeu atropina após reconhecimento da intoxicação.
A intoxicação aguda deve fazer parte do diagnóstico diferencial de crianças com alteração súbita do nível de consciência associada ou não a acometimento clínico multissistêmico, comprometimento respiratório e cardiovascular, apresentação clínica estranha e/ou complexa e distúrbios hidroeletrolíticos e do equilíbrio ácido-básico inexplicáveis. A suspeição deve aumentar sobretudo em se tratando de ambientes não seguros, com cuidadores não habituais e na faixa etária de maior risco, entre 1 e 4 anos de idade, ainda que a história de intoxicação não seja clara. No caso em questão, chama a atenção o fato de que o relato da exposição ocorreu apenas no quinto dia de internação hospitalar, quando a estabilização clínica já havia sido bem sucedida.
A ausência de história definida de exposição a substâncias tóxicas não deve atrasar a suspeita clínica de intoxicação exógena aguda na pediatria e do pronto estabelecimento de medidas de estabilização cardiovascular, respiratória e metabólica.
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