Lorena Thalia Pereira da Silva
Anny Cristine de Araújo, Byanca Rodrigues Carneiro, Ana Karolini de Souza Mendonça, Júlia Cavalcante Carvalho, Iasmin da Silva Padilha Miranda, José Carlos Pereira de Souza, Idivaldo Antônio Micali, Adriana Augusto de Rezende, Karla Danielly da Silva Ribeiro
Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
O padrão alimentar materno, notadamente o consumo de alimentos ultraprocessados (AUP), está associado a implicações para o desenvolvimento fetal. Em gestantes com pré-eclâmpsia grave, um quadro de risco elevado para complicações, uma dieta inadequada pode exacerbar a probabilidade de desfechos neonatais adversos.
Avaliar as repercussões do consumo de AUP por gestantes com pré-eclâmpsia grave nos desfechos neonatais.
Estudo transversal derivado de um ensaio clínico randomizado com 21 gestantes diagnosticadas com pré-eclâmpsia grave. O consumo alimentar habitual antes da internação foi estimado por meio de história alimentar, sendo os alimentos classificados segundo a classificação Nova. A ingestão de AUP foi analisada em valor calórico absoluto (kcal), percentual de contribuição na ingestão calórica total e por percentis de consumo. Foram considerados desfechos neonatais. A análise estatística incluiu o teste de Shapiro-Wilk para verificação de normalidade, correlação de Spearman e teste exato de Fisher para variáveis categóricas, adotando-se nível de significância de p<0,05. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (nº 6.985.999).
Dos neonatos avaliados (n=21), 57% eram do sexo masculino, com peso médio de 2.003 ± 696 g e idade gestacional média de 33,1 ± 3,0 semanas. A maioria (80%) apresentou peso abaixo do ideal para a idade gestacional; 57% e 52% apresentaram, respectivamente, comprimento e perímetro cefálico adequados ao nascer. As médias dos escores de Apgar foram 7,9 ± 0,5 (1º min) e 8,8 ± 0,4 (5º min). O consumo materno médio de AUP foi de 436,2 ± 280,3 kcal, correspondendo a 18,3 ± 11,6% do valor calórico total. Gestantes no menor tercil de consumo (P25) apresentaram maior frequência de nascimentos a termo (p=0,043) e menor ocorrência de desconforto respiratório (p=0,040), enquanto aquelas nos tercis superiores (P50;P75) apresentaram maior prevalência de hipoglicemia neonatal (p=0,029). Houve correlação entre o consumo de alimentos minimamente processados e o escore de Apgar no 1º min.(r=0,520;p= 0,016) e entre o consumo de AUP e o Apgar no 5º min.(r= –0,402;p= 0,048).
O maior consumo de AUP por gestantes com pré-eclâmpsia grave esteve associado a desfechos neonatais mais desfavoráveis, como maior incidência de desconforto respiratório, hipoglicemia e prematuridade. Esses achados reforçam a importância da avaliação da qualidade dietética no manejo nutricional de gestações de alto risco.
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