Lucas M. Rocha
Marina B. A. Targino José Carlos de A. Vieira Jr Guilherme de S. Rezende José Deyvisson D.Oliveira Aline S. de S. Escóssio Mayos Augusto M. Nunes Ney Magno B. Escóssio José A. de O. Matos Italo de O. Silva Isabela P. Honorio Rodolfo H. da S. Marinheiro Rebecca M. N. de Sousa Ariadne G. Farias
UFERSA
A pandemia de COVID-19, causada pelo SARS-CoV-2, afetou todas as faixas etárias, incluindo a pediátrica. Embora crianças geralmente apresentem quadros leves ou assintomáticos, foi identificada uma condição rara e grave associada à infecção: a Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P). Reconhecida a partir de abril de 2020, a SIM-P é caracterizada por febre persistente, inflamação sistêmica e envolvimento de múltiplos órgãos, podendo evoluir para choque e falência orgânica, até 4 a 6 semanas após a infecção, mesmo em casos assintomáticos. No Brasil, tornou-se de notificação compulsória em 2022. Este trabalho tem como objetivo relatar um caso de SIM-P atendido no Rio Grande do Norte, contribuindo para sua compreensão clínica.
Pré-escolar, 4 anos, com histórico de Transtorno do Espectro Autista e epilepsia, foi admitido com febre persistente, coriza, inapetência e dor abdominal. Evoluiu com prostração, vômitos, diarreia, hipoatividade, exantema, hiperemia conjuntival, edema de membros inferiores, mucosite e linfonodomegalia cervical. Exames laboratoriais revelaram anemia, plaquetopenia e elevação de marcadores inflamatórios. O paciente foi internado na UTI pediátrica com suspeita inicial de arbovirose ou síndrome inflamatória sistêmica. Após exclusão de outras causas, foi considerada a hipótese de SIM-P. Iniciou-se tratamento com imunoglobulina intravenosa, ácido acetilsalicílico e metilprednisolona. Houve melhora progressiva, com normalização laboratorial e recuperação clínica, recebendo alta após acompanhamento intensivo.
A SIM-P é uma condição pós-infecciosa associada ao SARS-CoV-2, cuja fisiopatologia envolve resposta imune desregulada, semelhante à Doença de Kawasaki e à Síndrome do Choque Tóxico. Os critérios diagnósticos do CDC incluem febre, evidência laboratorial de inflamação, envolvimento de dois ou mais sistemas, exclusão de outras causas e infecção atual ou passada por SARS-CoV-2. No caso relatado, a criança apresentou clínica típica, com febre persistente, sintomas mucocutâneos, gastrointestinais, alterações hematológicas e inflamatórias e teve a infecção por SARS-CoV-2 confirmada. O manejo seguiu os protocolos, com boa resposta à terapia instituída.
A SIM-P é uma síndrome inflamatória grave, que pode afetar crianças previamente saudáveis semanas após a infecção pelo SARS-CoV-2. A identificação precoce, exclusão de diagnósticos diferenciais e início rápido do tratamento são essenciais para desfechos favoráveis. Assim, este relato contribui para a compreensão clínica da SIM-P.
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