Camila Amorim Polonio
Shephanny Patricia Cavalcanti da Costa, Thais Dias da Silva, , Suzane Cristina Dantas Pereira, Débora Joyce Duarte de Oliveira, Fabiana Ariston Filgueira, Sheila Andreoli Balen, Anna Christina do Nascimento Granjeiro Barreto,Cleverton da Paz Mangabeira,Paula Renata Lima Machado
Maternidade Escola Januário Cicco Universidade Federal do Rio Grande do Norte
O citomegalovírus (CMV), um DNA vírus da família Herpesviridae, pode ser transmitido verticalmente por infecção primária, reativação viral ou reinfecção por outra cepa durante a gestação. A infecção congênita pelo CMV é uma das principais causas de perda auditiva neurossensorial e atraso no desenvolvimento neuropsicomotor infantil.
Relatar um caso de síndrome nefrótica secundária à infecção congênita por CMV em recém-nascido pré-termo extremo, com evolução clínica complexa e comprometimento multissistêmico.
Estudo descritivo de caso, com dados obtidos de prontuário eletrônico, mediante consentimento dos responsáveis.
Recém-nascido do sexo masculino, primogênito de mãe jovem sem pré-natal, nascido por cesariana com 27 semanas e 860 g. Apresentou hipotonia e ausência de respiração espontânea ao nascimento, com necessidade de reanimação em sala de parto (Apgar 4/7). Internado na UTI neonatal com diagnóstico de prematuridade extrema, síndrome do desconforto respiratório e extremo baixo peso. Evoluiu com síndrome nefrótica (hipoalbuminemia, proteinúria, edema generalizado), sepse tardia, persistência do canal arterial, hemorragia peri-intraventricular grau I, dificuldade de progressão de dieta enteral, colestase, disfunção hepática, plaquetopenia, pneumonia e hipertensão pulmonar refratária, com necessidade de ventilação de alta frequência e óxido nítrico inalatório. Diante da hipótese de infecção congênita com acometimento renal, realizado exames laboratoriais que confirmaram infecção por CMV (sorologias IgG/IgM positivas e PCR urinário detectável). Iniciou-se tratamento com ganciclovir, posteriormente substituído por valganciclovir, com resolução da síndrome nefrótica e melhora dos quadros respiratório, hematológico e gastrointestinal. Do ponto de vista neurológico, apresentou encefalopatia epiléptica e alterações em neuroimagem compatíveis com lesão hipóxico-isquêmica. Na avaliação mais recente, encontrava-se estável, em uso de fenobarbital e valganciclovir, com sucção ao seio materno e alimentação oral plena. Foi planejado seguimento ambulatorial em serviço especializado para CMV congênito e avaliação audiológica após alta.
Este relato descreve uma rara manifestação de síndrome nefrótica secundária à infecção congênita por CMV em prematuro extremo. A fisiopatologia sugerida envolve lesão glomerular imunomediada desencadeada pela infecção viral. O caso ilustra a natureza multissistêmica do CMV congênito e reforça a importância do diagnóstico precoce e do tratamento antiviral específico nos pacientes com acometimento neurológico ou quadro sepsis like. A atuação de equipe multiprofissional foi decisiva para a evolução clínica favorável.
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