Sara Thalya Santos Ferreira
Juanna Gabriella de Souza Dehon Caio César Barbosa de Macêdo Maryane Alexandre Tertuliano da Cunha Camila Santana Batista Cabral Beatriz de Queiroz Barreto Magalhães Vivian Suellen Freitas Lopes Raimundo Francisco de Amorim Junior
Universidade Federal do Rio grande do Norte - UFRN
O diabetes mellitus gestacional (DMG) é uma condição prevalente que afeta cerca de 14% das gestantes globalmente, com taxas que podem chegar a 18% no Brasil. A exposição fetal ao ambiente hiperglicêmico está associada a alterações cardíacas estruturais e funcionais, porém a real indicação de ECO para esse grupo não é completamente compreendida.
Determinar a prevalência de alterações ecocardiográficas em pacientes de 0 a 18 anos encaminhados ao Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL) com indicação de DMG materno e compará-la com pacientes encaminhados por outras indicações clínicas.
Trata-se de um estudo transversal, observacional e quantitativo, realizado a partir da análise de laudos ecocardiográficos pediátricos do Hospital Universitário Onofre Lopes, no período de junho de 2022 a junho de 2025. Foram incluídos pacientes na faixa etária pediátrica (entre 0 e 18 anos), submetidos a ecocardiograma, sendo excluídos pacientes encaminhados por cardiopatias previamente conhecidas, síndromes genéticas, malformações associadas. Os pacientes analisados foram crianças encaminhadas para a realização de ECO, separando o grupo os encaminhamentos por DMG das demais indicações do exame. Apenas o primeiro exame de cada paciente foi considerado. A análise estatística utilizou o valor de p<0,05 como significância.
Foram analisados 946 pacientes, dos quais 123 (13%) foram encaminhados por DMG materno e 823 (87%) por outras causas. No grupo de filhos de mães diabéticas, 93% apresentavam coração anatomicamente normal e apenas 6% apresentaram alterações ecocardiográficas. As alterações mais consideráveis desse grupo incluíram miocardiopatia hipertrófica (1 caso), comunicação interventricular (3 casos, 2 com repercussão hemodinâmica) e tetralogia de Fallot (1 caso). Em contraste, no grupo com outras indicações clínicas, 81% apresentaram coração normal, enquanto 18% apresentaram alterações. A prevalência de alterações foi, portanto, significativamente menor no grupo DMG, dado que obteve significância estatística (p<0,01).
Apesar de ser uma das principais indicações para encaminhamento ao ecocardiograma pediátrico, o DMG materno resultou em baixa taxa de alterações identificadas. Isso sugere que, na ausência de outros fatores de risco clínicos ou achados físicos sugestivos, a realização rotineira de ecocardiograma em filhos de mães com DMG pode não ser custo-efetiva. Reavaliações nos protocolos de indicação para o exame podem otimizar recursos e priorizar casos de maior risco.
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