Izabele Vitória Oliveira Leite
Marina Targino Bezerra Alves Livya Bianca Lima de Mesquita Edilardo Pimenta Florencio Milena Marchatto Kamei Francisco Laecio Junior Costa Gameleira Willyanne Gomes de Lima Suzianny Carolainy Silva Yanne Maria Araujo de Paiva Vanessa Louyse Dantas de Medeiros
Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA)
A Encefalopatia Crônica Não Evolutiva (ECNE) associa-se a disfunções motoras, deformidades torácicas e ventilação ineficaz, predispondo a infecções respiratórias recorrentes, especialmente em países em desenvolvimento. As complicações respiratórias são importantes causas de morbimortalidade em crianças com ECNE, sendo a pneumonia aspirativa uma das mais frequentes e graves.
Relatar um caso de pneumonia aspirativa grave com choque séptico em paciente pediátrico com ECNE e epilepsia, destacando fatores de risco, evolução clínica e condutas adotadas.
Paciente masculino, 11 anos, com ECNE e epilepsia, desde os seis meses de idade, em uso de fenobarbital e ácido valpróico, restrito ao leito e dependente para atividades diárias. Busca hospital com quadro de crise convulsiva, sonolência e constipação, sendo evidenciada dispneia e dessaturação. No local, recebeu ceftriaxona e hidratação venosa. Após nova crise convulsiva, foi transferido para UTI Pediátrica, onde deu entrada dispneico, SatO2 85%, FR 56 irpm, HGT 76, Glasgow 7, fecaloma à palpação e pulsos periféricos finos, sendo feita ventilação não invasiva. Radiografia (RX) evidenciou pneumonia extensa em hemitórax esquerdo. No dia seguinte, evolui com choque séptico e pneumotórax à direita, quando foi feita antibioticoterapia, noradrenalina e drenagem torácica, deixando-o estável. Por volta do 7° dia de internação, paciente evolui com pneumonia aspirativa, evidenciada por opacidades centrolobulares, padrão de “árvore em brotamento”, com opacidades em vidro fosco e focos de consolidação acinar. Intubação orotraqueal e gastrotomia (GTM) após 14 dias do achado.
A broncoaspiração de alimentos, saliva ou refluxo podem causar pneumonia infecciosa, impactando, significativamente, a qualidade de vida dos pacientes e suas famílias. A disfunção neurológica compromete os mecanismos protetores das vias aéreas, tornando a aspiração um evento grave, porém previsível. Fatores como disfagia, constipação, epilepsia, rebaixamento do nível de consciência e alterações posturais podem aumentar o risco de aspiração. A rápida deterioração respiratória, a necessidade de ventilação mecânica e o choque séptico ilustram a gravidade do quadro. Contudo, apesar de inúmeros fatores de risco, o problema persiste, sobretudo, quando associado a insuficiência dos serviços de saúde locais e atraso no diagnóstico.
Este caso reforça a necessidade de vigilância constante, melhor conhecimento sobre fatores da ECNE que predispõem complicações respiratórias e abordagem multidisciplinar para prevenir desfechos graves em pacientes pediátricos com a doença. Em casos graves, a GTM deve ser considerada para reduzir riscos. Destaca-se a importância da prevenção ativa, incluindo avaliação fonoaudiológica, posicionamento adequado, higiene oral, controle da constipação e manejo do refluxo gastroesofágico com o fito de melhorar a sobrevida e a qualidade de vida dessa população.
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